quinta-feira, 24 de julho de 2008

Crítica: 2º filme de 'Arquivo X' é para viciados, usuários e novatos


Dirigido pelo criador da série de TV, Chris Carter, longa estréia nesta sexta-feira (25).
No filme, Mulder é chamado para ajudar a encontrar agente do FBI sumida.



Para agradar aos viciados, aos usuários esporádicos e aos novatos. Deve ter sido com essa intenção que Chris Carter, criador da série de TV "Arquivo X", sucesso na década de 1990, encarou o trabalho de levar de volta às telonas os agentes Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), anos após o fim do seriado.



"Arquivo X: Eu quero acreditar", que estréia nesta sexta-feira (25) nos cinemas, relembra os temas recorrentes do seriado, mas sem que seja preciso um manual de instruções para gostar do filme. Basta se interessar por assuntos como paranormalidade, misticismo e ficção científica em geral.



No longa, situado anos depois do fim da série, Scully - mais envelhecida e com cabelos longos - integra a equipe de um hospital católico e Mulder é, bem, Mulder fica enfiado em um quartinho cultivando uma barba e investigando por conta própria casos envolvendo fenômenos aparentemente inexplicáveis. Para os fãs da série, há uma novidade na relação dos dois – mas contar seria estragar a surpresa.



De volta ao FBI

Para agitar um pouco o marasmo do cotidiano, o FBI procura Scully dizendo que somente Mulder poderia ajudar num caso em que uma agente desapareceu sem deixar rastros. A questão é que a única fonte da polícia federal americana é um ex-padre, excomungado por pedofilia, que diz ter visões do crime.
Mulder reluta um pouco em ajudar a corporação que o expulsou – lá pelo fim da série –, mas desperta com a vontade de acreditar no inacreditável, como estampa o pôster no seu quarto, velho conhecido dos fãs. Já Scully percebe que enfrentar ameaças de outros mundos não é exatamente a sua vocação e prefere se dedicar aos seus pacientes.


Roteiro respeita os personagens

A partir daí, sempre mesclando os dois lados da trama, Mulder vai atrás da agente sumida, tendo o ex-padre Joseph como seu guia e Scully tenta salvar a vida de uma criança com uma síndrome incurável, usando como incentivo uma frase dita por... Padre Joseph. Como nos episódios da série, as duas pontas da história estão interligadas

A edição é rápida, mas sem deixar ninguém com dor de cabeça. A trilha sonora é ótima, sem abuso da original.

O roteiro, que pode parecer fraco se comparado aos melhores episódios, respeita o universo criado pela série e dá uma sobrevida factível e justa para a dupla de ex-agentes. E, com a exceção de uma lágrima de sangue aqui e um cachorro estranho ali, usa bem a ficção científica para explicar toda a história. Por fim, a direção de Chris Carter é segura, de quem já fez isso dezenas de vezes.



Razão x fé
O cerne do longa é o mesmo da série de TV que arrebanhou milhões de fãs pelo planeta na década passada: o embate entre razão e fé. Entretanto, assim como acontecia na telinha, não há maniqueísmo, mas uma superposição das duas vertentes.
Por isso, o segundo filme originado da série – o primeiro foi "Arquivo X: Resista ao Futuro", de 1998 – vai agradar a quem estava com saudades dos (agora ex-) agentes do FBI especializados em casos, digamos, que não se prendam à física como a conhecemos.

Há também diversas piadas internas e referências a casos antigos. Mas, quem nunca ouviu falar de Anderson e acha que Duchovny é apenas o ator da série de TV "Californication", bem, o filme foi feito para você também. Desde que, é claro, você esteja aberto a "possibilidades extremas".


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