quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Cinema de quinta: Ivo Costa

Toda quinta-feira, quero trazer para vocês um louco que rala bastante para produzir cinema independente.
E hoje é a vez do mineiro Ivo Costa, que tive o prazer de conhecer por conta da mostra de cinema.

Quem é Ivo Costa?

Trabalho com consultoria empresarial, cursei jornalismo, sou casado e tenho dois labradores. Gosto de Rock, adoro um vinil, e sou fascinado por filmes de Terror. Escrevo para o site boca do inferno e estou tentando me ingressar no mercado com cineasta do gênero.

Porque cinema?
O cinema sempre foi ao lado da música a melhor forma de entreterimento para mim, cresci escutando rock e vendo filmes, todos os finais de semana eram sagrados para as saudosas sessões em família em VHS. Creio que a paixão veio com meu pai, que sempre curtiu um bom Werstern, e eu o acompanhava em suas maratonas.

Inspirações para os seus filmes?
Gosto muito do cinema do Mário Bava e do Dario Argento, esteticamente tem forte influência em meus trabalhos – já na narrativa eu me inspiro muito em David Cronenberg, onde tento explorar os mistérios da mente humana. E é claro, também me inspiro no dia a dia, nas relações interpessoais, conflitos internos – pessoas comuns, que tem dilemas morais pendentes, e qualquer descisão pode ser desastrosa, para ela ou para quem está próximo.


 Fale um pouco sobre a “versão sem cortes”, como nasceu?
O blog Versão sem Cortes surgiu com a vontade de falar sobre filmes de terror, escrevi um tempo em parceria com um amigo em um blog www.cinesequencia.blogspot.com, porém com o tempo me vi a necessidade de estudar e explorar mais o gênero que eu já adorava. Sempre curti o site www.bocadoinferno.com.br, fui um infernauta, e acompanhava o site desde o início, o que me ajudou e inspirou bastante, tanto que tive um texto do filme “Audition” publicado como Autor Convidado.
Em 2011 participei de um concurso cultural e fui selecionado para ser parte do Juri Popular no festival Cinefantasy em SP. Neste festival divulguei o blog, e em 2012 fui convidado pelo Marcelo Milici (Redator Chefe do Boca do Inferno) para ser um dos colaboradores, aceitei na hora. Desde então tenho me dedicado mais ao boca e não tenho atualizado o Versão Sem Cortes. Tenho pensado em tornar a marca em uma produtora.

 Qual é o seu fascínio por filmes de terror?
Essa paixão veio de criança, talvez a culpa seja de filmes infantis sombrios da década de 80. Meu primeiro filme no cinema foi “A História sem Fim”. Desde então comecei a me interessar mais pelo fantástico, e a transição para o terror foi rápida. Uma vez meu irmão mais velho alugou “Evil Dead”, e assisti escondido, fiquei com medo por semanas, devia ter uns 8 anos. Mas escondido também  vi  “O Exorcista, “Sexta-Feira 13”, “A Hora do Pesadelo”, o medo foi dando lugar ao fascínio, e desde então venho acompanhando, e estudando o gênero, tentando de certa forma disceminar e acabar com o preconceito em torno do mesmo.
 Evil Dead (1981)

 Tem alguma história engraçada ou curiosa que tenha se passado durante as produções?
Gravamos o “Sexta-Feira da Paixão” em um distrito chamado São Gonçalo do Bação. A Produção conseguiu autorização para gravar no cemitério da cidade, onde havia uma igreja (desativada) no meio do mesmo. Uma das cenas gravadas foi as 3 hs da manhã, e uma neblina tomou conta do cemitério, onde ocorrera um enterro no mesmo dia. O clima ficou bem pesado durante as gravações, algumas das pessoas ficaram assustadas, estávamos todos cansados e com os nervos a flor da pele.

Já transformou em roteiro algo que tenha acontecido com vc?
Comigo não, mas confesso que já criei personagens inspirados em pessoas próximas a mim. Acho que não tenho nenhuma história interessante, em torno de algo que tenha acontecido comigo para criar um personagem ou mesmo uma história.

“Sexta-Feira da Paixão”
Direção: Ivo Costa

 Como nasceu o Sexta – feira da Paixão?
Minha avó uma vez me contou uma história, que me assustou muito na época, onde um parente dela cismou de sair para dançar em uma sexta-feira da paixão, falando que dançaria no dia nem fosse com as almas. Enfim, essa foi a inspiração para criar o roteiro, o Caetano (produtor e editor do curta), me incentivou para que desenvolvéssemos o projeto, eu sentia algumas dificuldades como locação (por se tratar de um filme de época) – achava que seria inviável. O mesmo conhecia o distrito de São Gonçalo do Bação, visitamos o mesmo, convidamos equipe e elenco e pronto – foi uma produção muito difícil, tínhamos mais ou menos 25 pessoas de equipe e elenco, e a logística de alocar esse pessoal na cidade foi bem complicada, o produtor sofreu com isso, mas no final deu tudo certo.


 Fale um pouco sobre outros trabalhos seus ?
Antes de começar a produção de curtas, atuo como colaborador do site Boca do Inferno, há quase 4 anos. Este ano tenho pesquisado e escrito sobre o movimento “New French Extremity”, onde falo sobre alguns filmes extremos produzidos na frança.
Temos no Boca também nosso Podcast quinzenal, ao qual sempre participo. Tenho um curso de História de Cinema do Horror, que montei junto ao crítico Marcelo Miranda, porém o mesmo só teve uma edição, a segunda não aconteceu por falta de público. Tive atuação como co-diretor no curta “Galado”,  que tem um roteiro sensacional, já está filmado e editado, mas infelizmente está engavatado, pretendemos mexer no mesmo para um novo lançamento. Fiz assistência de direção em outros dois curtas, “Cabeça de Gesso” do Thiago Krautz e “A Vida Continua” do Caio Salgado.
Atualmente estou finalizando um novo curta, “O Presente de Camila” que fará parte de uma antologia chamada Contos da Morte, com previsão de lançamento em Janeiro de 2016. Este novo curta, trata de um horror psicológico, onde a jovem viúva Eliza, tenta com dificuldades criar sua filha Camila. Nesse cenário conturbado, sua sogra surge como uma ameaça quanto a guarda da filha. A tensão entre as relações se agrava com o último presente recebido por Camila de sua avó, levando Eliza ao limite da sanidade

 Dicas de filmes?
O cinema brasileiro de Horror vive um dos seus melhores momentos, com muitas produções de qualidade, vale a pena conferir o trabalho de cineastas como Rodrigo Aragão  - “Mangue Negro”, “A Noite do Chupacabras”, “Mar Negro”, “As Fábulas Negras”  /  “Os Curtas do Joel Caetano – Estranha”, “Encosto”, “Judas”, entre tantos outros / Trabalhos do Petter Baistorf, Dennison Ramalho , Felipe M. Guerra, Cristian Verardi / e vários trabalhos de novos cineastas que estão surgindo – Júlio Wong, Lula Magalhães, Lucas Sá, Vinícius Santos... Muita gente boa para se prestar atenção – muitos destes trabalhos são encontrados na internet, ou sempre estão presentes em festivais de cinema.

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