segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Traumas de infância (parte 1)

Segunda feira é sempre um dia traumático pra muita gente e pra combinar com este último dia traumático do ano.

Aqui vai uma lista de filmes traumáticos, porque todo mundo tem um filme que traumatizou a sua infância, e conversando com alguns amigos (cineastas, desenhistas, artesãs), e acabamos montando uma listinha com filmes incríveis, que apesar de traumáticos, são super. dicas de filmes antigos para você aproveitar para assistir nesse feriadão que está por vir.

Tem filmes mais conhecidos que os outros, vários premiados e de todos gêneros possíveis, enfim, filmes para todos os gostos.


A História Sem Fim

Um dos meus filmes favoritos de todos os tempos é A história sem fim.
Mas pera ai, não era trauma?

Então, eu achava que era um dos meus filmes preferidos até resolver assistir novamente pra matar a saudades e ai todo trauma que devia estar reprimido voltou ... 
Curioso ou não um dia estava chegando num antigo trabalho e encontrei uma copia do livro no lixo, eles iam jogar fora porque alguma criança havia rabiscado algumas paginas e alguem achou que não valia a pena guardar mais. 
Essa copia esta comigo, não viveria em paz vendo um clássico desses sendo jogado no lixo.

Para quem nunca assistiu e gosta de filmes de fantasia,  lembrando que ele é um filme alemão de 1984 mesmo desprovido de recursos cênicos esse filme também é quase sempre citado em listas de melhores filmes de fantasia, junto com filmes com o calibre de O senhor dos Anéis.


Tem uma cena que só de lembrar eu já comecei a chorar por aqui que acontece no Pântano da tristeza.
Atreyu (um dos heróis da história) e seu cavalo devem atravessar um pântano. Mas esse pântano tem uma peculiaridade: se você tiver pensamentos ruins como medo, você afunda e morre.

Atreyu consegue atravessar o pântano.
Mas seu cavalo deixou a tristeza dominar o seu coração não consegue, e afunda.
Porque insistem em matar os animais em telonas??? U.U

Eu achei a cena e estou colocando aqui para quem quiser.
Por Angie Lucena




Clash of the titans

Há exatamente 27 anos eu não via uma cena se quer desse filme, eis que Angie Lucena, me convida a escrever sobre filmes que nos causaram algum trauma, na hora eu pensei não tive isso, aí me veio a imagem de quando tinha meus 4 anos de idade era uma tarde linda para se ver um filme em família.

O filme daquela tarde no SBT era Clash of the Titans, e a cena da batalha com a Medusa me fez ter uma longa semana de pesadelos, quase deixei minha mãe louca, ela queria matar meu pai e irmão por deixarem eu ver o filme.

Hoje não me recordo muito dos sonho, porém sei que aparecia muitas mulheres de cobra na cabeça e até hoje é um tipo de personagem que não gosto.


Por Graziela Mussato


Animais do bosque dos Vinténs

"Aprendi sobre a morte assistindo Animais do Bosque dos Vinténs, na Tv Cultura.

A animação conta a história de um grupo de animais que precisa migrar para um novo lar depois que a reserva ambiental em que viviam é interditada para dar lugar a um condomínio residencial.
Durante a viagem, vários animais do grupo acabam morrendo. Seja pelas mãos dos humanos, por seus predadores naturais ou até por parceiros de viagem.
O desenho também traz belíssimas mensagens sobre amizade, cooperação e superação das adversidades, porém as mortes são chocantes e brutais.
Nem lembro quantas vezes chorei assistindo."
Fim da conversa no bate-papo

O império das formigas gigantes


O que nos impressionou na infancia, foi em 1986 e aos 6 anos nós assistimos O IMPÉRIO DAS FORMIGAS GIGANTES de 1977, de Bert I. Gordon, Samuel Z. Arkoff da obra de H.G. Wells

Porque o filme mostrava que nós (seres humanos), só somos superiores pelo nosso tamanho. O filme coloca que se as formigas realmente ficassem gigantes, nós (os seres humanos tão inteligentes), iamos ser escravos das formigas, trabalhar pra elas e se houvesse recusa, a formiga rainha comandaria um exercito de formigas para nos matar.
Depois deste filme, qualquer formiga que víamos ... eu e meu irmão pisávamos nela ate ficar pó (rs).

Ou seja, a escravidão era o unico meio de ficar vivo e não ser devorado...
Nós dois ficamos muito tristes quando as pessoas falam mal deste filme, por ser um filme B de 1977 independente, feito com um ultra low budget...
claro, que os efeitos envelheceram... mas isso nao o classifica trash... não foi na época, mas é hj... e ainda tem Joan Collins como atriz principal, tem muita ação, perseguição, morte...

E depois de algum tempo, fomos falar com um mimercólogo e o filme esta correto a formiga rainha transmite uma substancia de seu corpo que força o cerebro de outras formigas a obediencia...
E é assim q ela faz dos humanos escravos... o trauma piorou... quer dizer que a substancia de um inseto é capaz de manipular o cerebro humano?

É um filme que fala do inicio do fim do mundo...
nossa, pensa em 1986, aos 6 anos... isso virou um imenso trauma 




A incrível visita do extraterrestre


A incrível visita do extraterrestre que foi assassinado gratuitamente.

           
            Trauma. Do grego traûma:  ferida, derrota. Ser ferido e derrotado emocionalmente. Conflito de cultura. Conflito de emoções, à crinaça, ataque a magia do sonho infantil. Eis que assim foi para mim, A incrível visita do extraterrestre (1986, Jim McCullough Sr. ). Adoro (e desde que o vi para primeira vez, adorei). E odiei (a primeira vez que o vi, odiei).
            É um belíssimo filme: eu não tinha medo de uma invasão alienigena, de deparar com um extraterrestre, eu assistia Contatos Imediatos do Terceiro Grau e tinha vontade de entrar na nave junto com aquele menininho e com Richard Dreyfus.
            O filme começa, toda uma história que prende a atenção. Eu, ainda criança, guiado por essa referência, as personagens principais são crianças. Crianças iguais a mim, ainda que eu não morasse em uma cidade do velho oeste americano. Ainda que minha cultura fosse outra, o universo infantil regrava naquela relação. E eis que surge o extraterrestre em cena, a priori deveria causar medo, aversão, mas não, ele é surpreendente, ele é mítico, ele se relaciona com as crianças igual ao E.T. que se relaciona com Elliot (Henry Thomas) no filme de Spielberg. Ele é mágico: ele é um amigo.
            A ameça que veio do espaço fica somente para outros filmes, deixa isso para filmes como Predador, neste caso tinha o Arnold Schwarzenegger para nos salvar e criar vínculo, e tornar assim um dos meus heróis. Deixa o terror para os Gremlins, apesar de que eu considerava o segundo filme  hilário (em especial o Gremlins no microondas), deixa o assombrado para Caça-Fantasma (e aí temos quatro heróis para nos salvar).
            Em A incrível visita do extraterrestre tudo é lindo, tudo é belo, tudo é alegria, ainda que hajam pessoas más (os vilões) no filme. Mas as crianças irão defender o alienígena amigo, ele é como o recente Paul, o Alien Fugitivo, só que não é doidão. O filme trabalha com ética, com moral, com espiritualidade (não no sentido religioso), é aparentemente um filme família, com final feliz.



            Quando de repente eis que acontece o trauma. Sou surpreendido por um ataque brutal, violento, não que a vida não seja assim e que não fosse o filme, meio para ensinar isto às crianças. Mas eu havia assistido E.T. e aquele anão cabeçudinho do espaço não morre, pelo contrário, reencontra com sua família.
            E o filme de McCullough vai na contramão da minha expectativa, talvez porque tirando o maldito caçador de Bambi, ninguém matava inocentes nos filmes e desenhos. E então, alguém atira no alien, e eu choro, ate aí, normal, congruente. Só que aquilo me aterrorizou. Eu tinha medo da morte, tinha medo da morte inaceitável (desta morte provocada sem piedade, essa morte gratuita).
            Se não fossem os heróis (os múltiplos lutadores de Van Damme e Seagal, Robocop, Tartarugas Ninjas, Justiceiro, bravestar, Conan, Mad Max...), talvez o trauma se estabelecesse com maior intensidade. Se a cena da morte é necessária nesta trama, se ela enriquece o filme ou não, não importa, o que importa é que ela me traumatizou, não i a nave da família do alien vir buscá-lo. Só vi desgraça.
            Tudo cinza. No funeral do alien, uma pedra preciosa faz o ser espacial virar luz (espírito, alma?, sei não, eu não queria pensar em religião: afinal eu acreditava-acredito em vida extraterrestre) e seguir ao espaço. Ele foi para seu planeta? Não, ainda que pudesse ser isso que a cena propunha, para mim, ele morreu e isso que importa. Ele morreu, mataram-no gratuitamente, o que foi ao céu-espaço, foi apenas uma luz. Apenas uma luz, nada mais. O extraterrestre estava morto, estendido em um caixão sendo colocado terra abaixo, a sete palmos.
            The Aurora Encounter, a incrível visita do extraterrestre. A cidade se chama Aurora. Lá vai acontecer um encontro, um belíssimo encontro entre um alienígena e um grupo de crianças e alguns adolescentes (e estamos na vibe de Goonies e Conta Comigo). Mas que se rompe com uma cena traumatizante. Talvez faltassem argumentos que nos preparassem para tais situações (abstratas enquanto educadas pelos nossos pais e instituições): não estava preparado para a morte da mãe do Bambi, muito menos para a morte deste estimado alienígena (e o fato dele ser do espaço era apenas um mero detalhe).
            E ainda, por senão, eu curtia muito westerns (os famosos faroestes, bang-bangs). E talvez pela densa cena da abertura de Era uma vez no oeste (sim, eu tinha apenas nove anos de idade, mas já tinha visto este clássico de Leone), os gestos de Jack Elam tenham contribuído para que em A incrível visita do extraterrestre, sua personagem Charlie se torna-se ainda mais sinistra, maléfica. E esta personagem é quem aterroriza, não o alienígena... o alien é afetivo, mas Charlie não o é. E através de Charlie, conduz-se então o trauma. “Não matem ele, ele não fez mal a ninguém” e, “ele veio do espaço, mas você veio do outro lado da montanha, ambos lugares desconhecidos por nós, não veja  diferença” são emoções que ficam na memória. Mas ainda assim não são suficientes para combater a morte. E o trauma. Pior que mãe do Bambi, pois o caçador não matu o Bambi, mas mataram o pequeno extraterrestre.
           

Em busca do Vale encantado


Um trauma na minha infância foi assistir “Em busca do Vale encantado”, pra quem nunca ouviu falar é uma animação de 1988 (sou velha) dirigida por Don Bluth.


A  História e mais ou menos assim: Na Era dos dinossauros eles estão passando por tempos difíceis terremotos e falta de comida para os Herbívoros, um Dinossauro filhote chamado Littlefoot parte com sua mãe e seus avós em busca do vale encantado (que seria um lugar onde teria comida), no meio do caminho acontece um terremoto e os Avós se perdem (já começa ai um dos traumas), não contente em traumatizar as crianças com o sumiço dos avós eles colocam um ataque de Dinossauros  carnívoros ( os T Rex).

A mãe de Littlefoot para protege-lo vai pra briga com os T rex, ela consegue Salva-lo e espanta os inimigos, porém sai muito machucada e ao anoitecer acontece o fato que nenhuma criança (e adultos sensíveis) deveria assistir na vida, Ela morre.

A cena da despedida do pequeno dinossauro pairou na minha jovem cabecinha por dias, eu chorava de desespero e sonhava como se minha mãe fosse a mãe dele.
Quando criança não consegui passar desta parte do filme, só descobri se ele chega ao Vale depois de grande.


Foi uma experiência traumática para mim, por isso dou um alerta: NÃO SE ENGANE COM DINOSSAUROS FOFOS, ELES PODEM TE TRAUMATIZAR.


Parque dos Dinossauros



 Lá pelos meus 6 ou 7 anos de idade, assistir a Parque dos Dinossauros pela primeira vez foi embarcar valendo no espetáculo spielberguiano. Fui tomada pelo fantástico das cenas,  da aparição dos bichos de dimensões monstruosas – e meu corpo se encarregou de abstrair todas as cenas de medo ou terror, tal qual ele faz com todas as situações adversas e desconfortáveis que envolvem, por exemplo,  a experiência revigorante de um passeio de montanha-russa.

E é claro que eu quis mais uma volta  - e aí tudo mudou. Aí, eu já sabia mais ou menos o que ia acontecer, não dava mais para me deixar levar inconscientemente pela emoção e foi quando eu comecei a pensar: mas e se acontecesse? Pode acontecer, não pode? Olha só essa explicação do sangue do dinossauro no mosquito, isso é perfeitamente possível. Mas ninguém seria doido... olha o tamanho desses bichos, essa agilidade, esses dentes!

Mas tem doido pra tudo, né? Será que já tem alguém trabalhando nisso nesse momento? AI MEU DEUS OS DINOSSAUROS VÃO VOLTAR E VAMOS TODOS MORRER! E não apenas morrer – isso é o de menos. Vamos ser caçados e devorados vivos. Vamos viver com medo porque não tem como fugir. E eles ainda são inteligentes... Olha o que eles fizeram com as portas! E o braço daquele cara. Imagina se eu acho o braço do meu pai ou da minha mãe... Ai ai ai, como é que ninguém pára esse maluco que tá escondido em algum lugar do mundo tentando recriar os dinossauros?! Será que ele não viu o filme? Será que ele não sabe que vai dar tudo errado?! – E aí que não podendo parar o maluco que, até onde eu sabia, estava por aí trabalhando nesse projeto de recriar os dinossauros, a única coisa que eu podia fazer era parar o maluco do filme que já tinha feito isso.

E como eu fiz? Óbvio que foi fingindo que o filme não existia. Foram anos ignorando totalmente a existência, não suportando a menor menção ao nome “Parque dos Dinossauros”. Foi só algum tempo depois que eu consegui revê-lo e, aliás, assisti de novo há alguns dias para escrever isso aqui. O filme continua fantástico: tudo no lugar certo, Spielberg de parabéns!

O meu olhar agora é outro e o medo não é tanto. Eu até queria de novo aquela imaginação de criança assustada para me fazer entrar mais a fundo no filme. E, te dizer, até que não seria ruim voltar por uns instantes a um período onde a dominação do mundo pelos dinossauros era o maior do maior dos medos.



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